A nova regulamentação aprovada pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicação) quer maximizar o uso de infraestrutura instalada pelos serviços de Telecom no Brasil, aumentando a sua eficiência – mas não resolve um problema que já está a caminho.
Isso porque a construção de torres de celulares 5G e de dispositivos do segmento da IoT (Internet das Coisas), exigirá uma estratégia diferente da aplicada em torres tradicionais. Esses serviços, provavelmente, demandarão milhares de subestações menores e o deslocamento de mão de obra para a sua construção.
“Esse modelo de negócios é muito vantajoso para as operadoras de telefonia. Ao transferirem seus direitos sobre a infraestrutura das torres, as empresas conseguem rentabilizar, recebendo imediatamente um grande volume de capital, ao mesmo tempo que eliminam os riscos futuros relacionados à manutenção e aos contratos de aluguel para o uso dos equipamentos”, afirma Daniel Ramos, diretor de capital da APW Brasil.
Será que será possível rentabilizar tudo isso?
Telecomunicações: compartilhar para rentabilizar
O compartilhamento obrigatório da infraestrutura de torres e estruturas metálicas de celulares, instaladas a menos de 500 metros de distância uma das outras, permite rentabilizar os equipamentos ao dar utilidade à sua capacidade ociosa.
E o Regulamento de Infraestrutura de Suporte de Serviços de Telecomunicações, não trata apenas das torres de celulares, mas inclui no roll de infraestrutura a ser compartilhada: dutos, armários, fios e cabos, que deverão ter seus excedentes operacionais cedidos a preço de custo a outras empresas do mesmo setor.
Infraestrutura de telecom vira modelo de negócios
As operadoras de telefonia estão negociando os seus ativos e saindo do negócio de infraestrutura para se concentrarem na oferta de serviços. Com isso, novas empresas e modelos de negócios surgem, como o aluguel de torres e infraestrutura. O mesmo movimento pode ser observado em serviços de telefonia fixa, TV, rádio e Internet.
Na telefonia móvel, Oi e Vivo foram as primeiras a negociar seus ativos em torres, transferindo a propriedade da infraestrutura a terceiros, eliminando custos de construção e manutenção das torres, e passando a alugar a infraestrutura dessas companhias adquirentes.
O resultado desse mar de antenas compartilhado é a redução do consumo de energia e do impacto estético nas cidades: menos prejuízos ao patrimônio urbanístico, histórico, cultural e paisagístico.
Dificuldade de licença para novas instalações
Apesar da Regra Nacional, existe a dificuldade de se conseguir licenças e alvarás municipais para a instalação de novos equipamentos. Para a sua liberação são observados, ainda, limite de exposição humana à radiação não ionizante, interferência em outros sistemas, comprometimento da abrangência da cobertura e inviabilidade de suporte para mais equipamentos.
A infraestrutura de Telecomunicações é composta por equipamentos de transmissão e comutação. As torres são as bases desse sistema e servem de suporte para a instalação das antenas. Ao todo, são 86 mil torres de Telecomunicações espalhadas pelo Brasil.
Projeções indicam que o País precisaria do dobro de infraestrutura para atender à demanda existente. Por isso, a solução mais indicada é o compartilhamento de infraestrutura, desde que respeitem as limitações acima.