Apesar de o 5G ainda estar ganhando terreno no Brasil, o país já prepara iniciativas visando a próxima fase da tecnologia de conectividade, o 6G. Para isso, diversas entidades e profissionais das telecomunicações estão se dedicando à pesquisas, estudos e testes que visam preparar o cenário para uma conexão ainda mais rápida.
Mas quais são as tendências que a conectividade 6G apresentará, e como elas impactarão a forma como utilizamos as tecnologias e os dispositivos?
Diretor do Grupo Setorial de Telecomunicações da Abinee - Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Wilson Cardoso conversou com o Futurecom Digital sobre esta pauta que trará grandes transformações ao país.
Veja abaixo a entrevista completa com nosso convidado e saiba mais sobre a conectividade 6G e suas possíveis aplicações!
Como o Brasil tem investido em pesquisa e desenvolvimento do 6G?
Wilson Cardoso: “O 6G é a próxima geração de redes móveis, que promete ser mais rápida e inteligente do que o 5G.
Estudos e visões a respeito das características e casos de uso do 6G – a próxima geração global de redes móveis – seguem a todo vapor no mundo. O Brasil não é exceção e já se prepara para esse futuro, com iniciativas tais como:
- O Projeto Brasil 6G, que reúne várias instituições de pesquisa para criar um ecossistema favorável para o desenvolvimento de uma nova rede de comunicações móveis no país.
O projeto começou em fevereiro de 2021 e terá duração de dois anos. O objetivo é construir um ambiente de testes para novas aplicações em redes móveis 6G e além.
- O Centro de Pesquisa em Engenharia em Redes e Serviços Inteligentes para 2030 (Smartness), constituído pela Fapesp e pela Ericsson na Unicamp.
O centro foi inaugurado em dezembro de 2022 e conta com a participação de mais de 50 especialistas em engenharia elétrica, computação, telecomunicações ou áreas correlatas;
O desafio é explorar soluções inovadoras em telecomunicações que auxiliem na projeção e construção de infraestruturas de computação em nuvem e redes cognitivas orientadas por aprendizado de máquina e Inteligência Artificial (IA) para o desenvolvimento da próxima geração de serviços de conectividade;
- O acordo de cooperação entre o Brasil e a Finlândia, dentro do 6G Flagship, que envolve universidades brasileiras e finlandesas para o desenvolvimento de diversas camadas do ecossistema necessário para o 6G.”
Como a academia, indústria e operadoras têm se unido para desenvolver aplicações do 6G?
Wilson Cardoso: “Esses agentes têm se unido para desenvolver aplicações do 6G de diferentes formas, como:
- Criando projetos de pesquisa em parceria com instituições nacionais e internacionais, como o Projeto Brasil 6G e o 6G Flagship, da Finlândia;
- Participando de eventos para compartilhar resultados, desafios e oportunidades, como o workshop Brazil 6G, promovido pelo Inatel;
- Definindo casos de uso e requisitos para o 6G, considerando as necessidades da sociedade brasileira e as características do país;
- Explorando novas tecnologias que possam habilitar o 6G, como redes cognitivas, IA, gêmeos digitais, comunicação quântica, entre outras;
- Planejando o espectro de frequências que será necessário para o 6G, buscando harmonização e eficiência;
- Aproveitando as aplicações do 5G para a indústria 4.0, como automação, internet das coisas, realidade aumentada, entre outras, que podem servir de base para o 6G.
Os institutos associados ao IPD Eletron, iniciativa da ABINEE para fomento da Inovação Tecnológica, também estão em estreita cooperação com as empresas do setor em grupos globais de pesquisa para a construção das bases do 6G e desenvolvimento de casos de uso voltados ao mercado local.”
O que esses estudos estão mostrando de tendência para aplicações 6G no Brasil?
Wilson Cardoso: “Algumas das aplicações de 6G são:
- Inteligência Artificial integrada à rede, que poderá aprender com os dados e otimizar os serviços, além de prover assistência personalizada aos usuários;
- Hologramas sensíveis, que permitirão fazer chamadas de vídeo com a sensação de toque e transmitir sentimentos, aproximando as pessoas à distância;
- Gêmeos digitais, que serão modelos virtuais de objetos, pessoas ou ambientes, que poderão interagir com o mundo real e vice-versa, criando novas experiências e soluções;
- Comunicação quântica, que usará os princípios da física quântica para garantir uma comunicação mais segura, rápida e eficiente, além de possibilitar novas aplicações como computação quântica e criptografia quântica;
- Redes cognitivas, que serão capazes de se adaptar dinamicamente às condições do ambiente e às necessidades dos usuários, usando técnicas de aprendizado de máquina e Inteligência Artificial.
Essas são algumas das aplicações de 6G, mas há muitas outras em estudo”, conclui o especialista da Abinee.
Gostou de saber mais sobre as iniciativas sobre a nova fase da conectividade em nosso país? Para continuar se informando, aproveite e leia também nosso artigo sobre o que já sabemos sobre a tecnologia 6G!
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