Se a cobertura nacional do 5G já é, por si só, um desafio, maior ainda é a missão de garantir conectividade segura e estável em ambientes críticos, como plantas industriais, portos, siderúrgicas e hospitais.

Para entender melhor como o país vem avançando nessa frente, conversamos com Alexandre Gomes, diretor de marketing da Claro Empresas, que trouxe detalhes sobre projetos pioneiros, os diferenciais técnicos do 5G e os impactos já percebidos no setor produtivo.

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Casos emblemáticos: siderurgia hiperconectada

Gomes destaca que os projetos recentes nas empresas Usiminas e Gerdau são marcos do uso de redes privativas em ambientes industriais no Brasil.

“A Usiminas, em parceria com a Claro Empresas, implantou uma rede privativa LTE e 5G com núcleo dedicado em sua planta de Ipatinga (MG). É a primeira iniciativa do tipo no país, cobrindo cerca de 7 km², com resiliência e alta disponibilidade em ambientes indoor e outdoor”, afirma o executivo.

A infraestrutura utiliza arquitetura full-edge e inclui um core redundante, preparado para milhares de dispositivos conectados simultaneamente. Isso abre espaço para aplicações de automação industrial com inteligência artificial, integração logística, segurança operacional e monitoramento em tempo real.

Segundo Gomes, o projeto deve se expandir para a planta de Cubatão (SP), fortalecendo a estratégia de transformação digital da siderúrgica.

No caso da Gerdau, a Claro implementou a maior rede privativa dedicada 5G da América Latina no setor industrial.

“A unidade de Ouro Branco (MG), a maior planta da companhia no mundo, agora conta com torres que cobrem mais de 8,3 milhões de m², com capacidade combinada de 4,8 Gbps. Essa rede garante suporte para automação, veículos autônomos, gêmeos digitais, IoT e inteligência artificial”, explica.

Entre as aplicações já em uso estão o monitoramento de ativos em tempo real, conectividade em pátios de expedição e almoxarifados, além de câmeras de vídeo analytics para acompanhar a produção.

Conforme explica Gomes, o centro de monitoramento da planta utiliza modelos preditivos de IA para antecipar falhas em ativos críticos, ampliando segurança e eficiência logística.

5G: a escolha natural para missões críticas

Na visão de Gomes, a tecnologia 5G traz características técnicas que a tornam incomparável às gerações anteriores. Por isso, é sempre uma escolha natural para as missões críticas.

“As próprias características do 5G, baixa latência e alta velocidade, já indicam a sua vocação. Quando implementado em redes privativas, proporciona alta capacidade, resiliência, disponibilidade e segurança. Isso habilita aplicações críticas com eficiência, garantindo inovação em processos sensíveis”, explica o representante da Claro Empresas.

Ele enfatiza que, mais do que uma rede, trata-se de uma infraestrutura digital moderna, que se integra a ecossistemas industriais e governamentais, acelerando a transformação digital de diferentes áreas.

Aplicações já em operação no Brasil

De acordo com Gomes, as primeiras aplicações surgem da própria infraestrutura de rede, que viabiliza o uso de Inteligência Artificial, Machine Learning, Edge Computing, Analytics e IoT.

“Hoje, os principais destaques são os sistemas de controle, monitoramento e gestão de pessoas e ativos em plantas industriais”, afirma.

Essas aplicações, embora já concretas, são apenas o início do potencial do 5G em ambientes de missão crítica.

Ganhos concretos: produtividade, segurança e eficiência

As empresas que já utilizam a conectividade de missão crítica têm percebido melhorias práticas. Gomes lista alguns pontos recorrentes relatados pelos clientes:

  • Cobertura ampliada com menos equipamentos: substituição de inúmeros pontos de acesso WiFi por poucos rádios 4G/5G;
  • Modelo financeiro mais flexível: migração do CAPEX de redes WiFi para o OPEX da rede privativa;
  • Casos sensíveis a atraso: uso de veículos autônomos (AGVs) sem falhas de latência;
  • Segurança operacional: soluções de vídeo com IA, geofencing e controle de pátios.

Os maiores desafios da jornada: obstáculos das estruturas críticas

Quando o assunto é 5G em estruturas críticas, nem tudo é simples. Gomes reconhece que há obstáculos.

“O principal desafio está em conectar dispositivos e orquestrar ecossistemas distintos — tanto nossos quanto dos clientes. Isso exige colaboração intensa, mas também é onde temos uma grande fortaleza: o relacionamento e o trabalho conjunto”, ressalta o executivo.

A necessidade de integração com sistemas legados, como SCADA, ERP e sensores mais antigos também é um obstáculo.

Nesse aspecto, Gomes declara que a Claro tem adotado soluções com modems 5G (Ethernet ou FWA) e, em alguns casos, integração via VPN.

Parcerias para soluções completas: lidando com a complexidade

Para lidar com essa complexidade, a Claro aposta em projetos customizados em parceria com clientes, integradores, startups e instituições acadêmicas.

“Nosso objetivo é implementar soluções que tirem o máximo do 5G, sempre alinhadas às necessidades específicas de cada setor”, afirma Gomes.

Esse modelo colaborativo tem sido decisivo para acelerar a inovação em ambientes críticos.

O futuro do 5G em estruturas críticas

Ao projetar o futuro, Gomes adota uma visão pragmática. Em suas palavras, “estamos no início dessa jornada. O ideal é explorar o potencial de cada etapa. O que vier precisa ser interoperável, seguro e sustentável no modelo de negócio”.

Ele reforça que o 5G é estratégico para o Brasil, sobretudo nos setores de energia, logística e saúde.

“Tudo aponta para bilhões de pessoas e coisas conectadas, integradas e na nuvem. O 5G vem para se consolidar como a ‘Rede das Redes’, suportando a evolução da infraestrutura digital no Brasil e no mundo”, destaca o especialista.

Com projetos customizados, parcerias estratégicas e uma visão de longo prazo, o 5G se posiciona como a base da transformação digital em setores essenciais.

Tal transformação redefine o que significa estar conectado quando a operação não pode parar.