Durante o Webinar 5G Brasil: Recomendação de Políticas Públicas, transmitido no dia 19 de abril, foram apresentadas as conclusões sobre um estudo feito pela Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (SEPEC) em parceria com PNUD Brasil e Deloitte, com um mapeamento do ecossistema de soluções digitais e aplicações do 5G no País.
O objetivo do projeto era definir um conjunto de políticas públicas que alavancassem o ecossistema brasileiro de 5G focado em software, proporcionando o desenvolvimento de startups e possibilitando a inserção do Brasil no cenário de internacional de produção de software. Para tal, o estudo foi dividido em 5 partes:
– Benchmarking internacional
– Mapeamento do ecossistema de inovação
– Identificação da demanda por soluções digitais
– Diagnóstico de desafios e riscos para o estabelecimento do ecossistema
– Recomendação de políticas públicas
Continue a leitura e confira as informações levantadas pelo estudo em cada uma dessas etapas.
1. Benchmarking Internacional
Nesta etapa, foram escolhidos 12 países pela sua maturidade em inovação e maturidade no ecossistema 5G, com o objetivo de identificar as melhores práticas e seus fatores de sucesso.
A análise dos resultados mostrou que não há apenas um caminho para se desenvolver o 5G, mas diversas formas que geralmente envolvem alavancar os elementos do ecossistema já existentes para atingir um resultado rápido e sólido.
• Liderança pelos principais atores do mercado;
• Ambiente propício ao empreendedorismo;
• Forte presença da academia;
• Participação influente do governo no ecossistema.
2. Mapeamento do ecossistema de inovação
O ecossistema de software 5G brasileiro ainda é iniciante, sobretudo dos desenvolvedores dos componentes da rede 5G, ainda existem boras perspectivas no País devido ao potencial de amadurecimento do mercado de desenvolvimento de software de rede e aplicações.
• Os atores influenciadores com maior grau de maturidade podem acelerar desenvolvimento e amadurecimento dos atores diretos do ecossistema;
• O atraso na realização do leilão de espectro do 5G, que acorreu em novembro de 2021, postergou a implementação de sua infraestrutura em escala;
• Após a realização do leilão, espera-se que o avanço da Infraestrutura seja baseado principalmente na utilização de soluções prontas e verticalizadas dos principais fornecedores incumbentes;
• Em momento posterior, deve ocorrer o avanço de redes desagregadas, ou seja, separação de hardware e software como o Open-RAN, abrindo oportunidade para diversos outros atores, aumentando a competitividade do setor;
• O crescimento de conectividade deve alcanças as demandas por aplicações baseadas em 5G nas verticais de economia e integração de softwares, aumentando a maturidades desses elos.
3. Identificação da demanda por soluções digitais
Ao todo, existe um potencial de benefícios de R$ 590 bilhões a ser capturado anualmente por todas as verticais da economia – a demanda potencial de software total acumulada até 2031 é de R$ 101 bilhões, sendo R$ 10 bilhões provenientes de software de redes desagregadas abbertas, enquanto R$ 91 bilhões são de softwares de aplicações.
4. Diagnóstico de desafios e riscos para o estabelecimento do ecossistema
Com o objetivo de identificar pontos de ação para políticas públicas, realizou-se um questionário com 71 dos principais atores do mercado e realização de pesquisas secundárias para o levantamento das principais forças, desafios e riscos do ecossistema brasileiro de software voltado ao 5G.
Principais desafios
• Baixa disponibilidade de recursos financeiros públicos e privados para fomento do ecossistema nacional, provedor de software e inovação;
• Escassez e baixo nível de mão-de-obra requeridos para suprir a demanda por soluções tecnológicas emergentes (5G, Edge Computing, IA, Quantum Computing, etc);
• Insuficiência na implementação da rede pública 5G e baixa disponibilidade de ambientes destinados à desenvolvimento e testagem de soluções;
• Baixa percepção de valor agregado do 5G, impactando na demanda por soluções;
• Insuficiência de oferta devido à alta demanda, provocando o desabastecimento de suprimentos essenciais para o desenvolvimento de soluções 5G.
Principais forças
• Existência de um grande mercado consumidor potencial de tecnologia de serviços e telecomunicações, possibilitando a diluição de custos de inovação frente a demanda nacional;
• Realização de movimentos para acelerar a difusão da conectividade e infraestrutura, como a execução do leilão e as suas contrapartidas, além da Lei das Antenas;
• Aderência das áreas de desenvolvimento das empresas nacionais com as verticais mais relevantes mapeadas na fase 3 do projeto;
• Tendências de crescimento do setor de startups, auxiliando no desenvolvimento de oferta;
• Entendimento governamental da importância e na promoção de tecnologia para o País, sendo o seu principal consumidor de tecnologia em território nacional.
5. Recomendação de políticas públicas
Ao todo, foram levantadas 96 sugestões únicas de ações e propostas de políticas públicas, as quais foram classificadas em 8 temas e priorizadas de acordo com a sua avaliação de impacto.
1. Coordenação e aproximação do ecossistema
• Promoção de casos de uso e informações relevantes de fomento ao 5G;
• Aproximação dos ecossistemas nacionais e internacionais.
2. Desenvolvimento de infraestrutura
• Promoção à aceleração da implementação de redes públicas, possibilitando oferta e cobertura suficientes para o avanço da tecnologia;
• Facilitação e promoção da adoção de redes privadas para estimular a utilização do 5G pelas empresas das diferentes verticais da economia.
3. Suporte financeiros e tributário
• Reformulação tributária com foco em 5G e adjacentes;
• Modernização de estrutura e gestão de editais;
• Aprimoramento de instrumentos financeiros para financiamento de soluções 5G e adjacentes.
4. Empreendedorismo
• Aumento da resiliência e condições financeiras de startups;
• Estímulo ao aumento de competitividade;
• Estímulo ao aumento de quantidade e engajamento de empresas e startups nas soluções 5G.
5. Desenvolvimento de Capital Humano
• Reformulação do ensino básico;
• Fortalecimento da formação superior em cursos de tecnologia;
• Melhoria na formação do corpo docente de cursos de tecnologia;
• Aumento da entrada de capital humano estrangeiro.
6. Estímulo a pesquisa, inovação e desenvolvimento de soluções
• Facilitação da pesquisa de desenvolvimento através de tecnologia e financiamento;
• Estímulo à aproximação entre indústrias, institutos de pesquisa e universidades;
• Modernização do arcabouço regulatório, facilitando a cooperação de pesquisa e desenvolvimento.
7. Promoção do setor de tecnologia e telecomunicações brasileiro
• Desenvolvimento de plano de comunicação sobre informações gerais do 5G e atores relevantes do mercado;
• Promoção do 5G no âmbito educacional.
8. Fortalecimento da cadeia de suprimentos
• Fortalecimento do know-how interno via transferência de tecnologia;
• Otimização de burocracia e da malha logística;
• Aproximação com outros países para negociação de suprimentos.
Webinar
O webinar com patrocínio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e realizado pelo TELETIME, contou com a presença de diferentes atores do governo e está disponível no canal do Youtube do Ministério da Economia.