Cada vez mais digital e em busca de modelos menos burocráticos, mais enxutos e eficazes. Estas são as novas características do mercado que tem orientado o surgimento das fintechs, empresas que desenvolvem soluções tecnológicas para o mercado de finanças e, atualmente, estão em franca expansão.

A velocidade com que se expandem e se tornam necessárias, naturalmente, não é acompanhada pelo ritmo em que trabalham instituições governamentais ou órgãos de classe, o que gera inúmeras dúvidas sobre seu funcionamento, sobretudo, por atuar num segmento tão importante como o de transações financeiras.

Para se ter uma ideia, por serem opção a alguns serviços bancários – entende-se que deveriam ser reguladas pelos mesmos órgãos, entretanto, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) não tem um posicionamento institucional sobre o assunto.

Esse senso de novidade, mesmo que não monitorado por um órgão regulamentado, não impediu o interesse do público pelos serviços oferecidos por essas empresas, já que as fintechs afirmam que a aceitação brasileira está acima das expectativas, em parte por ser uma ferramenta que descomplica processos, além de ser uma tendência promissora com oportunidade de ganhar cada vez mais espaço. Mas afinal, o que são e como funcionam essas companhias?

1. As fintechs são bancos virtuais?

Não necessariamente, segundo a CEO da Stone, Verena Stukart. A proposta é facilitar a vida dos usuários, seja por pagamentos ou em financiamentos colaborativos, como os crowdfundings (termo popularizado nos últimos anos e aplicado para “vaquinha digitais” em que pessoas doam dinheiro para alguma produção cultural, como filmes, livros, DVDs etc).

2. Quais os diferenciais das fintechs em relação aos bancos?

a. Comodidades do acesso digital;

b. Eliminação de processos burocráticos;

c. Concentração em um único contato para tomar o crédito mais barato;

d. Atendimento em território nacional;

e. Possibilidade de conectar clientes que não possuíam acesso a determinados produtos com taxas menores;

f. Agilidade na distribuição de produtos de crédito com garantia, o que em alguns casos, ajuda o banco a ser mais eficiente no processo de venda (este último item está relacionado à Bankfacil, fintech que se apresenta como “complementar aos bancos”, pois vende mais habilmente o que eles têm dificuldade em comercializar).

3. Como funcionam as fintechs?

O funcionamento depende da ferramenta utilizada. Há casos de crédito com garantia que oferece taxas menores por ser uma modalidade de risco menor; utiliza-se empréstimo com garantia de imóvel, cuja taxa mensal é de 1,05% mais correção monetária. No caso de garantia de automóvel, as taxas são de 2% ao mês.

No caso da Stone, eles chamam seu processo de “uberização do processo de pagamento”, cuja proposta é que o pagamento não seja sentido bruscamente, tornando-se natural, sem entraves entre consumidor e loja.

Há ainda a fintechs que são emissores de cartões de crédito, como a Nubank que oferece o MasterCard Platinum, sem tarifa ou anuidade e juros reduzidos. E ganham dinheiro de duas formas: ou quando o cliente compra usando o cartão – eles recebem do estabelecimento um percentual do valor – ou quando o cliente financia parte do valor da fatura, isso gera juros que são repassados para a empresa.

4. Quem pode utilizar os serviços das fintechs?

Todos. Já as usamos fintechs normalmente ao realizarmos compras online e pagarmos via PayPal ou via mobile, sem saber. Mas claro, há quem intencionalmente procure por elas. Pessoas com dívidas caras em busca de renegociação, investidores que querem empréstimos para abrir seu próprio negócio ou reformar a casa. As fintechs também servem para quem não está endividado, mas enxerga oportunidade de troca de produtos como cartão de crédito, cheque ou empréstimo pessoal, por juros menores do crédito com garantia.

5.Todos interessados são, então, pré-aprovados?

Em algumas fintechs há a chamada lista de espera, onde estão cadastros realizados pelo site da empresa ou por indicações e que serão analisados. Os pedidos são liberados semanalmente e é realizado um teste de comportamento do uso e pagamento de diferentes perfis de clientes. Essa liberação acontece baseada na análise do cliente, e não cronologicamente.