O Brasil é o segundo país mais vulnerável a ataques de hackers do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, segundo informações reveladas pelo relatório da Trend Micro 2023.

De acordo com a pesquisa, somente no ano passado, bilhões de ameaças foram bloqueadas. O destaque vai para os setores governamental e industrial, que registraram cerca de 145 mil ataques cada. 

Os setores de saúde, educação e tecnologia também foram significativamente afetados, com 124.300, 101.400 e 89 mil registros, respectivamente. Tal realidade acende um alerta e dá margem para a ascensão de tecnologias como o Security by Design.

Para nos aprofundarmos no tema, ouvimos Mauro Aguiar Duarte, professor do curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas, do Senac EAD. Ele compartilhou conosco um pouco da sua experiência. Leia a seguir!

O conceito e os princípios de Security by Design

Security by Design é uma abordagem na engenharia de software e sistemas que incorpora práticas de segurança desde as primeiras fases do desenvolvimento de um produto ou sistema”, explica Duarte. 

Ele ressalta que o objetivo é fazer da segurança uma parte integrante do design, desenvolvimento e implementação, e não algo que é adicionado após a concepção inicial.

Duarte detalhou os principais princípios do Security by Design. Nas palavras do professor, são eles:

  • Minimização de privilégios: “garantir que os sistemas operem com o mínimo de privilégios necessários para realizar suas funções”;
  • Defesa em profundidade: “implementar múltiplas camadas de segurança para proteger os sistemas contra falhas em um único ponto”;
  • Segurança como padrão: “configurações de segurança devem ser seguras por padrão, evitando que o usuário final precise fazer ajustes para garantir a segurança”;
  • Princípio do menor conhecimento: “cada parte do sistema deve ter acesso apenas às informações e recursos estritamente necessários para sua função”;
  • Resiliência a falhas: “os sistemas devem ser capazes de continuar operando de forma segura mesmo quando componentes falham”.

As vantagens do Security by Design

Duarte também nos apresentou aquelas que acredita serem as principais vantagens do Security by Design para as empresas. No entendimento do professor do Senac EAD, são elas:

  • Redução de vulnerabilidades: “ao considerar a segurança desde o início, reduz-se o risco de vulnerabilidades de segurança”;
  • Custo reduzido de manutenção: “menos necessidade de correções de segurança caras e disruptivas após o lançamento”;
  • Conformidade regulatória: “facilita o cumprimento de normas e regulamentos de segurança”;
  • Confiança do usuário: “produtos projetados com segurança integrada tendem a ganhar maior confiança dos usuários”.

Aplicações personalizadas e tendências futuras

Duarte também discute como o Security by Design facilita a criação de soluções de segurança digital personalizadas, permitindo que os desenvolvedores integrem requisitos específicos de segurança desde o início. 

Entre as tendências emergentes, ele menciona as seguintes:

  • Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina: “a integração de IA e machine learning para melhorar a detecção de ameaças e a resposta automatizada pode ajudar a identificar padrões de comportamento anormal e responder a ameaças em tempo real, tornando os sistemas mais adaptativos e inteligentes”;
  • Blockchain para segurança: “o uso de tecnologia blockchain para melhorar a segurança em diversas aplicações, como sistemas de identidade digital e transações seguras. O blockchain oferece um alto nível de segurança devido à sua natureza descentralizada e à dificuldade de alterar dados uma vez que eles são registrados”;
  • Segurança em IoT: “com o aumento do número de dispositivos conectados, a segurança em IoT se torna crítica. A Security by Design é essencial para garantir que dispositivos IoT sejam seguros por padrão, com medidas robustas de autenticação, criptografia e gestão de patches”;
  • Privacidade por Design: “em paralelo à Security by Design, a Privacidade por Design também está ganhando destaque, especialmente com a implementação de regulamentos globais de proteção de dados, como a LGPD”;
  • DevSecOps: “a integração da segurança no ciclo de vida de desenvolvimento de software através da cultura DevSecOps, onde desenvolvimento, operações e segurança colaboram de forma contínua. Isso ajuda a garantir que as práticas de segurança sejam implementadas de forma mais eficiente e eficaz durante todo o processo de desenvolvimento”;
  • Normas e regulamentações mais rígidas: “com o aumento das preocupações com a segurança cibernética, governos e organizações internacionais estão implementando normas e regulamentações mais rigorosas que exigem que as empresas adotem práticas de Security by Design. Isso está impulsionando a adoção dessa abordagem em uma variedade de setores”.

Na opinião de Duarte, essas tendências “indicam uma evolução na maneira como a segurança é percebida e implementada no desenvolvimento de software e sistemas”.

Segundo o professor, destaca-se cada vez mais a importância de uma abordagem proativa e integrada para enfrentar os desafios de segurança na era digital.

Continue se informando sobre segurança digital! Leia agora o nosso artigo sobre os próximos passos do Brasil na Política Nacional de Cibersegurança.