O dia 16 de novembro de 2020 marcou uma verdadeira revolução no sistema de pagamentos do Brasil. Isso porque foi nessa data em que o Pix, sistema instantâneo de transferências digitais, foi oficialmente lançado pelo Banco Central (BC).

Pouco mais de um ano após sua chegada, o Pix acumula crescimento e tornou-se parte essencial do dia a dia financeiro dos brasileiros. 

Segundo dados divulgados pelo BC em outubro de 2021, o Pix teve mais de 348 milhões de chaves cadastradas, com mais de 1.6 bilhões de transações feitas, movimentando um montante próximo a R$ 4 trilhões. Segundo dados do órgão, mais de 100 milhões de brasileiro já utilizam o sistema.

Para termos uma ideia mais clara, em apenas um ano desde seu lançamento o Pix já superou a soma de transações por boletos, TEDs e DOCs. Não por acaso, o tema foi um dos assuntos discutidos na última Futurecom Digital Week, realizada em novembro de 2021.

O Futurecom 2022 tratará do andamento e das previsões futuras para este meio de pagamento que foi tão bem aceito pelos brasileiros, sendo estes um dos destaques da trilha Future Payment. Compre já o seu ingresso!

A avaliação dos especialistas sobre o primeiro ano do Pix

Mediado por Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do Insper; e com participações de Breno Lobo, Consultor no Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central; e Eduardo Ariel, Gestor de Serviços de Supermercado da APAS – Associação Paulista de Supermercados, o painel “Revolucionando a relação de pagamentos entre pessoas e negócios com a expansão do Pix” trouxe importantes insights sobre o tema.

“Estamos chegando na marca de um bilhão de transações por mês, com tendência de crescimento. Os brasileiros usam o Pix em diversos casos, como uma forma fácil, ágil e barata, já que para as pessoas físicas seu uso é gratuito. Vemos o uso do Pix também no pagamento de contas, assim como no comércio eletrônico, e recentemente vi também que o Pix já é o terceiro método mais utilizado no e-commerce, sendo uma questão de tempo para superar o boleto”, diz Lobo.

Representando o varejo, Ariel reforçou a importância que o método de pagamentos vem tendo, o que representa ganho para diversos setores.

“Esse é o primeiro modelo que é mais rápido, já que antes era preciso fazer um DOC ou TED, e hoje é possível fazer o pagamento de forma mais fácil. O grande desafio é tornar o Pix tão fácil para o uso na loja física quanto é o do uso do cartão. Por parte da usabilidade, os supermercados implementaram e se adaptaram bem, e os resultados alcançados neste primeiro ano nos surpreendeu”, explicou ele.

Regulamentações cambiais e internacionalização do Pix

Mas como ficam as questões das regulamentações em relação ao câmbio, e como esse tema afeta o Pix e sua eventual internacionalização? 

Segundo Breno Lobo, a questão da interligação com outros sistemas de pagamentos instantâneos de outros países já é uma questão que tem sido debatida pelo BC.

“Houve recentemente uma interligação de sistemas, a primeira, ainda nesse ano, foi entre Tailândia e Singapura, que são países próximos com muito comércio entre os dois países”, exemplificou Lobo.

“Nós começamos a conversar com o pessoal da Europa e com o BIS, o banco central dos bancos centrais, que tem uma iniciativa muito interessante de criar uma plataforma centralizada em que cada sistema de pagamento nacional se conecte a esse hub central, dialogando com todos que estão conectados. Então eu diria que nos próximos dois ou três anos nós conseguiremos fazer essas ligações do Pix com outros países que têm sistemas similares”, completou ele.

Novas modalidades do Pix e importância do sistema na recuperação da economia

Outro ponto citado no painel foi relacionado às novas modalidades do Pix, o saque e a cobrança. O Pix Saque, ou Pix Troco, já está ativo, e os clientes podem tanto fazer um Pix para um estabelecimento comercial e retirar o valor em dinheiro, quanto realizar a cobra, transferindo um maior a mais e recebendo o troco em espécie.

Outra importante funcionalidade já disponibilizada pelo BC é o chamado Pix Cobrança, uma alternativa aos boletos, onde o prestador de serviço ou estabelecimento comercial gera um QR Code único para a cobrança, que é então pago pelo cliente via Pix. Outro ponto citado foi o uso do débito automático com o Pix, que permitirá que contas sejam pagas automaticamente pelo sistema.

Lobo também falou sobre o chamado Pix Garantido, que permitirá com que o recebedor tenha garantias do recebimento em uma data estabelecida, como em uma espécie de cheque pré-datado, já que o compromisso será firmado pelos bancos, gerando uma dívida ao usuário, que deverá quitar o Pix estabelecido.

Falando sobre o auxílio do sistema de transferências instantâneas no cenário econômico do Brasil, Ariel destacou a visão da APAS sobre ações como campanhas de uso do Pix e conscientização de pagamentos e recebimentos pelo sistema.

“Acho que uma campanha nos pontos de venda é fundamental, extremamente importante. Já fizemos campanhas com o Banco Central, e acho que as duas questões são muito importantes, o que pode ser construído a quatro mãos”, disse o representante do setor de varejos.

Ao falar sobre o uso do Pix como possibilidade de ferramenta para a economia, Lobo explicou a visão do BC:

“O Pix acaba sendo mais um facilitador do que um indutor de crescimento econômico, pois ele torna as transações mais rápidas e menos custosas. Então pensando nesse momento de pandemia, sabendo que o Brasil sempre teve um mercado informal grande e que a situação ficou ainda mais agravada durante a pandemia, vimos uma expansão ainda maior desse mercado no período”, analisa.

Ele complementa: “Então, ter um meio eletrônico para fazer suas vendas mas sem ter os custos associados aos cartões, como compra de maquininha e custos de transação, o Pix traz um conjunto de benefícios que melhora a transferência de recursos e circulação na economia, trazendo essa contribuição para melhorar a gestão do fluxo de caixa”.

Quer saber mais? Confira o painel completo no na plataforma da Futurecom Digital Week 2021 e tire suas dúvidas sobre o Pix na visão de especialistas do tema!