Na terceira entrevista de nossa série especial com mulheres que fazem a diferença no setor da tecnologia, temos o prazer de conhecer mais de Eva Pereira, que é mãe, Head de Cultura e Resiliência no Magazine Luiza, Founder do Instituto Eva Pereira Conecta e VP da WOMCY Brasil.
Com mais de 27 anos de experiência em segurança da informação, Eva construiu uma trajetória sólida liderando projetos estratégicos em grandes empresas de serviços na América Latina.
Especialista em gerenciamento de risco tecnológico e no desenvolvimento de soluções de segurança, a especialista atuou na criação, implementação e operação de MSS, Cloud, Auditoria, GRC, Arquitetura de Redes e Outsourcing.
Sua experiência abrange desde o desenvolvimento de negócios, parcerias estratégicas e marketing até a estruturação de portfólios e análise de tendências, sempre com um olhar atento ao gerenciamento de P&L.
Com um forte compromisso com a cultura de segurança da informação, Eva lidera iniciativas para elevar a maturidade organizacional em resiliência cibernética e segurança digital. Além disso, como especialista em comportamento humano e Consteladora Sistêmica Familiar e Empresarial, ela também traz uma abordagem diferenciada para a segurança, unindo tecnologia e pessoas.
Reconhecida como uma das Top Women in Cybersecurity Latam, Eva tem como missão conectar, conscientizar e transformar o mercado, criando ambientes digitais mais seguros e inclusivos para todos. Veja mais abaixo!
Como é um dia de Professora e Head de Cultura e Conscientização em Segurança da Informação na Magazine Luiza?
“Meu dia começa cedo e é guiado por um propósito claro: elevar a maturidade em cultura e conscientização de segurança da informação em diferentes frentes. Como Head de Cultura e Resiliência no Magazine Luiza, atuo diretamente na construção de uma cultura organizacional que fortaleça a segurança da informação, privacidade e resiliência cibernética.
Isso significa desenvolver estratégias para engajar colaboradores, integrar segurança ao dia a dia da empresa e garantir que boas práticas sejam adotadas de forma contínua e natural.
No Instituto Eva Pereira Conecta (IEP Conecta), minha missão através da Responsabilidade Social, é ampliar o impacto da conscientização em segurança digital, levando conhecimento acessível e prático para crianças, jovens, pais, educadores e seniors. Criamos metodologias lúdicas e materiais que facilitam o entendimento sobre riscos e boas práticas, promovendo uma cultura de proteção desde a infância até a melhor idade.
Como VP da WOMCY no Brasil, trabalho para aumentar a representatividade feminina em cibersegurança e garantir que mais mulheres tenham acesso à capacitação e oportunidades no setor.
Através de programas, não apenas conectamos talentos ao mercado, mas também ajudamos empresas a fortalecerem suas estratégias de conscientização e cultura de segurança da informação, garantindo que a diversidade traga inovação e novas perspectivas para os desafios da área.
Como professora e palestrante, meu papel é formar profissionais preparados para atuar em segurança da informação com uma visão voltada para cultura, comportamento e resiliência.
Meu dia é marcado por reuniões estratégicas, desenvolvimento de conteúdos, mentorias e interações com comunidades que buscam elevar a maturidade da segurança da informação.
Em todas essas frentes, meu compromisso é o mesmo: conectar pessoas, impulsionar a cultura de segurança e transformar o modo como lidamos com riscos digitais, promovendo uma sociedade mais consciente e resiliente.”
Trajetória: o que te levou ao setor de tecnologia?
“A tecnologia entrou na minha vida de forma natural, impulsionada pela curiosidade e pelo desejo de resolver problemas.Embora também tivesse outras paixões como Artes Cênicas e Psicologia, sempre fui fascinada por desafios e pela possibilidade de transformar ideias em soluções práticas.
Minha trajetória começou em um contexto mais técnico, e ao longo dos anos descobri minha verdadeira paixão: a segurança da informação e o impacto do fator humano na cibersegurança.
Minha jornada na área começou há mais de 27 anos, quando mergulhei em projetos complexos envolvendo risco tecnológico, arquitetura de segurança e desenvolvimento de soluções para grandes empresas da América Latina.
Com o tempo, percebi que a tecnologia, por si só, não era suficiente. A Governança, conscientização, a cultura de segurança e a resiliência organizacional eram peças-chave para o sucesso de qualquer estratégia de segurança digital.
Essa percepção me levou a expandir meu olhar para o comportamento humano, explorando áreas como cultura organizacional, resiliência e até mesmo Constelação Sistêmica. Hoje, minha atuação une tecnologia e pessoas, promovendo um ambiente digital mais seguro e preparando indivíduos e organizações para lidar com os desafios da era digital.
Mais do que um caminho profissional, a tecnologia se tornou meu propósito: conectar, conscientizar e transformar.
Desde a primeira formação, já tinha optado pela tecnologia graduada em Processamento de Dados pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Especialização em Redes e Telecomunicações, Pós-graduada em Segurança da Informação pela UFRJ, MBA em Engenharia e Inovação pela USP, MBA em Ciências da Mente e Liderança Humanizada.
Como você enfrentou e enfrenta os desafios da sua carreira?
“Os desafios sempre fizeram parte da minha trajetória, e cada um deles foi uma oportunidade de aprendizado e crescimento. Um dos momentos mais marcantes da minha carreira foi liderar a estruturação de uma unidade de negócios focada em cultura e conscientização em segurança da informação.
Na época, muitos ainda viam a segurança apenas como uma questão técnica, e criar um modelo sustentável que mostrasse o valor da conscientização para as empresas foi um grande desafio.
Para superar essa barreira, adotei uma abordagem estratégica: investi em dados para demonstrar o impacto do fator humano na segurança da informação, desenvolvi metodologias que conectavam a segurança à cultura organizacional e trabalhei na sensibilização de líderes e stakeholders.
O resultado foi a criação de uma unidade que, em três anos, representava cerca de 40% do faturamento da empresa e impactava mais de 100 mil pessoas mensalmente.
Outro grande desafio foi iniciar a carreira e atuar em um setor ainda predominantemente masculino. Como mulher em tecnologia, precisei muitas vezes provar minha competência e conquistar espaço.
A forma como enfrentei isso foi investindo constantemente em conhecimento, construindo uma rede de apoio e, hoje, retribuindo esse caminho ao incentivar e apoiar outras mulheres a crescerem na área, seja através da WOMCY ou de outras iniciativas de empoderamento feminino.
Acredito que a chave para superar qualquer desafio está na resiliência, na adaptação e na capacidade de transformar obstáculos em oportunidades.”
Quais qualidades te levaram ao sucesso?
“Acredito que minha trajetória foi impulsionada por uma combinação de curiosidade, resiliência, visão estratégica e habilidade de conexão.
Desde o início da minha carreira, sempre tive curiosidade em entender não apenas a tecnologia, mas também o impacto dela nas pessoas e nos negócios. Essa mentalidade investigativa me levou a buscar conhecimento continuamente e a enxergar a segurança da informação além do aspecto técnico, incorporando cultura, conscientização e comportamento humano na equação.
A resiliência foi essencial para enfrentar desafios, seja ao estruturar novas áreas dentro das empresas, liderar equipes multidisciplinares ou atuar em um setor predominantemente masculino, mostrando que as habilidades masculinas e femininas se completam! Aprendi a transformar obstáculos em aprendizado e a encontrar soluções inovadoras mesmo diante das adversidades.
Minha visão estratégica me permitiu antecipar tendências e conectar tecnologia, negócios e pessoas de forma eficaz. Isso foi fundamental para desenvolver unidades de negócios, estruturar programas de conscientização e criar impacto real em grandes organizações.
Por fim, acredito que uma das minhas maiores forças é a capacidade de conexão. Sempre valorizei as relações humanas e entendi que a segurança da informação só se fortalece quando conseguimos engajar e sensibilizar as pessoas. Refinar essa habilidade envolveu desenvolver empatia, comunicação e escuta ativa, além de buscar conhecimentos em comportamento humano e constelação sistêmica.
Essas qualidades foram se aprimorando ao longo dos anos, combinando experiência prática, aprendizado contínuo e, acima de tudo, propósito. O que me trouxe até aqui foi a vontade de fazer a diferença e transformar o mercado, ajudando empresas, profissionais e famílias a se protegerem no mundo digital”
Liderança: que dicas você daria para novas profissionais de tecnologia?
“Para as novas profissionais que estão ingressando na tecnologia, eu diria: construa seu espaço com coragem, curiosidade, autoconhecimento e consistência. Se eu pudesse voltar no tempo e aconselhar a mim mesma no início da carreira, diria:
Acredite no seu potencial – No começo, é comum sentir a síndrome da impostora ou achar que precisamos saber tudo antes de nos posicionarmos. Mas ninguém nasce sabendo, e o aprendizado é contínuo. Confie na sua capacidade de aprender e evoluir.
Busque conhecimento constantemente – A área de tecnologia muda rápido, então esteja sempre estudando e se atualizando. Mas, além das habilidades técnicas, desenvolva também competências comportamentais, como comunicação, liderança e resiliência.
Invista em autoconhecimento – Conhecer suas forças, limitações e propósito faz toda a diferença. O autoconhecimento ajuda a tomar decisões mais alinhadas com seus valores, a lidar melhor com desafios e a construir uma carreira mais autêntica e satisfatória.
Construa sua rede de apoio – Networking não é apenas sobre conhecer pessoas, mas sobre criar conexões reais. Busque mentores, participe de comunidades e se cerque de pessoas que te inspirem e te apoiem na sua jornada.
Seja protagonista da sua carreira – Não espere oportunidades surgirem, crie-as! Participe de projetos, exponha suas ideias, se desafie e saia da sua zona de conforto.
Erros fazem parte do processo – Ninguém cresce sem errar. O importante é aprender com os erros, ajustar a rota e seguir em frente.
Levante outras mulheres com você – Quando avançamos, abrimos caminho para que outras também avancem. Compartilhe conhecimento, apoie colegas e incentive a diversidade na tecnologia.
O que me trouxe até aqui foi a combinação de propósito, aprendizado contínuo, autoconhecimento e coragem para enfrentar desafios. E se tem algo que eu gostaria de ter ouvido no início da minha jornada, é que o espaço que você deseja ocupar já é seu – só precisa ter a coragem de conquistá-lo.”