As mulheres vêm conquistando espaços cada vez mais significativos, desafiando estereótipos e contribuindo de forma inestimável para o setor de tecnologia.

Como parte das celebrações do Mês da Mulher, o Futurecom Digital orgulha-se de apresentar uma série especial de entrevistas que destacam a trajetória, os desafios e as conquistas de mulheres notáveis no mercado de tecnologia

Nesta edição apresentamos uma conversa inspiradora com Claudia Muchaluat, a presidente da Intel Brasil. Ela compartilhou conosco experiências, insights e a importância de incentivar mais mulheres a se aventurarem no campo tecnológico.

Confira a seguir!

Quem é Claudia Muchaluat?

“A maioria das pessoas me conhece hoje como a Claudia Muchaluat executiva C-level na Intel Brasil, mas também sou a Claudia carioca, que vive em São Paulo há mais de uma década, casada com o Flavio, e mãe de dois jovens incríveis, Lucas e Pedro, além de uma border collie chamada Bonnie. Sou uma pessoa que acredita em sermos protagonistas de nossas próprias vidas.  

Amo viajar e conhecer outras culturas, e aprender, de modo geral, vivendo na prática o lifelong learning

Devo muito dessa consciência da importância do aprendizado aos meus pais, Sabah e Alcides. Eles sempre valorizaram muito a educação.

Depois de me graduar em Engenharia Eletrônica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cursei mestrado em Administração na PUC/RJ e MBA Executivo na Fundação Dom Cabral, além de me formar conselheira pelo Advanced Boardroom Program for Women, da Saint Paul.  

A paixão pela tecnologia e Ciências Exatas veio cedo, antes mesmo de entrar na faculdade. Cursei um Ensino Médio muito intenso, combinado com preparatório para o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto Militar de Engenharia (IME), que exigiu extrema dedicação da minha parte. 

Hoje, com mais de 25 anos de experiência, e passagens como partner da IBM Consulting e a primeira chief digital officer da IBM América Latina, sou presidente da Intel Brasil, mentora de negócios da Endeavor, e conselheira consultiva do Chapter Brasil do Women In Tech, com objetivo de incentivar mais mulheres na área de tecnologia”.

Como é um dia de presidente da Intel Brasil?

“Se o líder inspira, ele também precisa ter uma escuta muito ativa. A partir dela, você cria conexões e parte para a ação. 

É preciso criar essa abertura para que as pessoas possam tentar, errar e aprender, oferecer um ambiente seguro e diverso no sentido genuíno da palavra. 

Ter conflitos positivos de pontos de vistas, de experiências, para que o coletivo seja maior que a soma das partes que o compõem. 

Um líder deve colocar na prática o que prega, walk the talk. Além disso, precisa realmente gostar das pessoas, ser empático, um verdadeiro concierge, que age como facilitador do seu time na busca de soluções e na construção de cenários para contornar obstáculos.

Nossas redes de apoio são essenciais para enfrentarmos os desafios do dia a dia e devemos construir nossos relacionamentos com base na troca constante de conhecimentos e expertises, não em hierarquias, para conviver nesse ambiente em que as decisões precisam ser ágeis e estratégicas. 

Estou constantemente envolvida com os negócios da empresa, não apenas em minha jornada de trabalho, mas o tempo todo, como representante da companhia e como voz de liderança feminina em uma sociedade que ainda tem muito a evoluir em termos de diversidade, inclusão e equidade. 

Sustentabilidade é chave para os próximos episódios da humanidade. Isso não é PARTE do nosso trabalho, é COMO trabalhamos!

Nesse dia a dia, o relacionamento com parceiros e stakeholders é contínuo e desenvolvê-lo de maneira saudável é essencial para o planejamento estratégico dos negócios e na tomada de decisões”.

Trajetória: o que te levou ao setor de inovação e transformação digital?

“Sou entusiasta do poder da transformação digital e lifelong learner.

Sempre acreditei na inovação e no poder transformador da tecnologia, buscando estar envolvida com soluções para gerar impacto positivo, tornando o mundo mais sustentável e resiliente.  

Desde a adolescência, com imersões nos laboratórios da escola até meus cursos preparatórios para o IME/ITA e, posteriormente, minha graduação em Engenharia Eletrônica, a minha curiosidade intelectual e busca pelo conhecimento foram um motor a impulsionar minha jornada de transformação contínua.

Acreditemos no potencial transformador da tecnologia e estejamos abertos ao novo. 

Estamos vivendo um ponto de inflexão e transformação sem precedentes. 

O mundo está mudando, e podemos fazer com que ele seja para melhor: sejamos conscientes com o uso e o potencial da tecnologia!”.

Como você enfrentou e enfrenta os desafios da sua carreira?

“Com coragem, principalmente. Não vamos mudar o mundo atuando apenas em nossa zona de conforto, e é preciso coragem para sair dela, especialmente quando falamos de uma mulher construindo sua trajetória profissional em um ambiente dominantemente masculino como o da tecnologia e o mundo dos negócios em geral. 

É preciso resistir, saber que vamos ouvir muitos “nãos”, persistir e confiar sempre na própria competência. 

Foi isso que me trouxe até onde cheguei. Na presidência da Intel no Brasil, tenho o privilégio de beber todos os dias direto da fonte da inovação, e liderar uma empresa que tem como propósito contribuir para um futuro e um mundo melhores. 

Volto a insistir no mindset do aprendizado contínuo, o lifelong learning, pois isso também é, para mim, um requisito na hora de enfrentar os desafios de carreira. 

Quando perdemos a capacidade de ouvir e de aprender, perdemos também a capacidade de lidar com as transformações e os obstáculos que precisamos superar para atingir nossos sonhos e objetivos”.

Quais qualidades te levaram ao sucesso?

“A curiosidade e a persistência foram fatores decisivos para o sucesso da minha trajetória profissional. 

Certa vez, ainda no Ensino Médio, como uma das poucas mulheres na sala de aula, decidi me inscrever na 1ª Olimpíada Brasileira de Química.

Ouvi o comentário de um dos professores, bem no meio da classe, de que alguns dos participantes “só ganhariam experiência” ao se inscrever. Ficou muito claro que o recado era para mim. Mas imagine só, eu participei mesmo assim e ganhei a medalha de ouro!  Já pensou se eu tivesse desistido? 

Gosto de relembrar esse momento, pois foi marcante logo no início da minha formação profissional e sinalizou alguns dos desafios que eu enfrentaria dali para a frente e também o que seria necessário para superá-los. 

Eu tinha só 16 anos na época, mas a minha indignação foi o combustível para minha persistência, dando a coragem que eu precisava para tentar.  

Liderança: que dicas você daria para novas integrantes em carreiras de tecnologia?

Uma primeira dica muito importante é saber que seu exemplo pode inspirar outras pessoas. Mulheres e homens. Sabe aquele professor que disse que eu só ganharia experiência? Depois ele veio me parabenizar e se desculpou, explicando que não teve a intenção de me desmotivar.  

Tenho certeza de que esse fato o ajudou a contribuir para o sucesso de muitas outras pessoas depois disso. Esse episódio me ensinou lições que trago até hoje para a minha vida. Elas resumem a diferença entre desistir e resistir.  

Outras atitudes e reflexões que sempre me ajudaram: 

  • A energia desse tipo de situação pode ser direcionada para nos impulsionar e nos fortalecer;
  • Saber que você vai ouvir muitos “nãos”, mas nunca duvidar da sua competência;
  • Aceitar seus limites. Não é preciso ser uma supermulher. Isso só existe nos quadrinhos e no cinema. Contar com redes de apoio é fundamental.  

‘Nossa responsabilidade é proporcional ao nosso privilégio’. Essa frase não é minha, mas retrata bem que todo líder precisa ter a consciência de que o privilégio traz responsabilidade. Acredito que nosso valor não é só o que sabemos, mas também o que compartilhamos.   

Sempre fico muito sensibilizada com os feedbacks que recebo após palestras, painéis e mentorias, os quais me mostram que estou no caminho certo na missão de empoderar e inspirar mais pessoas. 

Cada um de nós pode gerar impacto positivo e fazer a diferença na vida das pessoas em nossos círculos de influência. É a busca diária e constante pela evolução que vale a pena”.

Continue conhecendo trajetórias incríveis! Leia agora nossa entrevista com Fabiana Falcone, diretora de desenvolvimento de negócios cloud da Embratel!