O painel “Definindo as futuras gerações de redes fixas (FWA) na era 5G”, moderado por Marco Canongia, sócio-diretor da Lumicom Tecnologia e Inovação, começa com informações do mercado brasileiro, considerando os números de Julho/2021, em que foram registrados 39,4 milhões de banda larga fixos, contra 246,8 milhões de terminais móveis – ou seja, o número de acessos banda larga fixa no Brasil é 6,3 vezes menor que os acessos móveis, enquanto em termos globais o número de acessos banda larga é da ordem de 3 vezes menor que os acessos móveis. A infraestrutura local, as áreas de difícil acesso, a regulamentação e o trade-off entre custo de rede e viabilidade econômica do serviço são parâmetros importantes para alavancar o apetite empresarial por investimentos no FWA – acesso sem fio em banda larga – com o advento do 5G, que permite competir com as fibras ópticas em velocidade e performance.

Para Vicente Aquino, Conselheiro da Anatel, o FWA é uma ferramenta importante para diminuir a desigualdade digital. É uma tecnologia que reacende com a chegada do 5G, “É um mercado que pode se alavancar, crescer e a tendência é de amadurecer essa tecnologia, neste momento em complementação da fibra óptica, naqueles locais exatamente onde não possa haver a chegada da fibra por alguma razão. Eu vejo como uma possibilidade de um amadurecimento com a 5ª geração de tecnologia.”

Outros dados trazidos pelo conselheiro são que segundo o GSMA, atualmente de 1% a 2% dos acessos de rede fixa no mundo são de FWA, e a Calltem Point Consulting, de maneira otimista, diz que em 2030 esse número pode chegar a 36% dos acessos de internet. Sobre as regulamentações da Anatel para o FWA, comenta que a Anatel, apesar de adotar a neutralidade tecnológica, ela deixa o mercado livre para escolher as soluções técnicas mais apropriadas para os modelos de negócios dos provedores de internet.

Igor Chambon, Diretor executivo de operações da Sky diz que “O FWA é importante para levar internet onde ainda o acesso não é fácil ou não disponível, principalmente em regiões mais afastadas.” Dentro dos cases de negócios, o FWA pode ser uma forma de chegar em regiões afastadas, consolidar o mercado, e transferi-lo para a fibra óptica quando disponível. O diretor da Sky também levanta o alto custo de implementação de antenas. Diz que há movimentos do setor para infraestruturas neutras, para que as operações mais eficientes possam se posicionar na ponta para os clientes, dividindo essas infraestruturas entre, por exemplo, três grandes operadoras, e que seria interessante ver essa discussão também para o FWA. Conclui dizendo que o FWA pode ser usado como modelo complementar – de back-up, como modelo de opção para consumidores que ainda tem acesso à internet de uma velocidade de alta capacidade, e modelos mistos, em que a operadora vai ter a opção de fibra em uma localidade e FWA em outras, tendo um conjunto econômico que seja viável atender cada vez mais a população.

Na visão do Anthony Magee, Senior Director Business Development da ADVA, o FWA não compete com a fibra óptica, sendo um modelo complementar. “Olhando além do terminal FWA, uma vez dentro da casa dos consumidores, o FWA pode ser visto como uma extensão do mecanismo de transporte. Ele te coloca dentro do prédio, e uma vez no prédio, é levar o 5G nas bandas mais baixas, em que a performance dentro do prédio pode não ser tão elevada.” Comenta que para a comunicação entre máquinas na indústria, “a mensagem que temos ouvido é de as empresas privadas gostariam de ver algo mais robusto e ‘classe de operadora’ além da sua infraestrutura de Wifi já existente para trazer o 5G”, mas que os maiores business cases são em áreas rurais, em que normalmente é difícil escavar para instalar a fibra.

Helio Oyama, Director product Management da Qualcomm enxerga que mesmo nas regiões onde já existem soluções cabeadas de fibra, existe a oportunidade de uma alternativa de internet back-up, em que o FWA pode ser o serviço de redundância, tanto para usuários corporativos, quanto para residenciais. “O 5G vai aumentar de forma significativa a velocidade de transmissão de dados e podendo oferecer Gb por segundos, equivalente às velocidades que temos hoje em fibra.” A conjugação de frequências baixas e altas traz mais velocidade, justamente por proporcionar mais banda na interface aérea, também a ganhos de áreas de cobertura, em até 30% segundo os testes da Qualcomm. Também alerta que uma vez que backhaul do 5G já tenha múltiplos Gb por segundo, haverá a necessidade de que o gargalo não seja no Wifi, demandado no mínimo o Wifi 6, e em alguns casos de ondas milimétricas, o Wifi 6 versão estendida.

Ainda não se inscreveu no Futurecom Digital Week? Garanta seu a acesso à plataforma e conteúdos on-demand gratuitamente aqui!